sábado, 13 de março de 2010

Quero falar uma coisa...


"Ser ou não ser, eis a questão". Quando há 400 anos Willian Shakespeare colocou essa frase na boca de seu personagem Hamlet, talvez ou até certamente, não sabia que ela retundaria por todo o mundo ocidental. Se vivesse hoje, provavelmente Willian Shakespeare diria, Ser ou não ser honesto, eis a questão.

O homem vive a sua aventura na terra há milhares de anos tendo que fazer escolhas: ser ou não ser. O ser humano é escravo de suas escolhas, ele não tem a escolha de não fazer escolhas, ele não tem a escolha de não ter que escolher. É assim como uma condenação, o homem é condenado a fazer suas escolhas, escolhas que implicam em conseqüências e responsabilidades.
Ao longo dessa travessia terrestre, portanto, o homem vem fazendo escolhas que ora leva a humanidade para frente, ora a fazem retroceder. A formação da idéia do bem e do mal, da justiça e da injustiça, bem como da moral e da ética é que define em última análise se a escolha do homem foi a melhor para a humanidade. Assim também é principalmente na política.
De minha parte sempre me questionei: ser ou não ser ativa politicamente?

Mas compreendia que era também atuação política a criação dos filhos. E hoje assim a compreendo ainda mais e cada vez mais.

Que é atuação política estudar e contribuir para a cultura do país: e é.

Que é atuação política trabalhar e participar da construção da nação: e é.

O tempo foi passando, os governos e os governantes passando e a grande questão se colocando, ser ou não ser!

NÃO SER implica uma responsabilidade talvez até maior que o SER. O não ser é compactuar com erros, injustiça, corrupção. É certo que ao fazer o pacto social com o Estado, o Homem transferiu ao Estado toda responsabilidade pelo seu bem estar, segurança e desenvolvimento. Porém, hoje não vemos o Estado do bem estar social: vemos o liberalismo ou o neoliberalismo, e com o laissez-faire, fica parecendo que os cidadãos estão abandonados à sua sorte. Mas as coisas não fluem tão facilmente. É preciso ser atuante, ser vigilante. E esse SER na política exige compromisso, interesse e até paixão.

Quando adolescente, eu fazia parte de um grupo de jovens liderado pelo Frei Pedro. Eram os anos de 1966, 67 até 1972 eu dele participei. Há 40 anos portanto. Nós fazíamos campanhas como da alimentação e do agasalho, por exemplo. Assistencialismo? NÃO. Éramos precursores do hoje um FOME ZERO, do que foi a campanha contra a fome do sociólogo Betinho. Nós também sabíamos que quem tem fome tem pressa: éramos ali, sem o sabermos, precursores de uma ONG, talvez. Fazíamos pesquisas nos bairros carentes levando questionários para efetuarmos levantamentos das necessidades locais e empreendíamos ações. Às noites, na casa paroquial, dávamos aulas para adultos e até alfabetizávamos. Nós chegamos antes até do projeto Mobral, que pretendia erradicar o analfabetismo no Brasil. Eram mãos calejadas que eu, então com quinze anos, segurava para ajudar a escrever pela primeira vez as primeiras letras e o próprio nome. Convocávamos os jovens para debates sobre a situação política do país. O país vivia a ditadura militar e sob os ordenamentos dos Atos Institucionais. Na semana santa, fazíamos teatro e dramatizações, pois era a única manifestação cultural em que a censura não atuava. E então falávamos do CRISTO que veio para salvar um povo sofredor. Muitos frades, outros padres, foram torturados, presos, exilados e até assassinados. Nós tínhamos medo de nos reunirmos, mas o fazíamos.

Porém, a vida foi exigindo o emprego, a faculdade e os anos dourados da adolescência e da juventude foram passando. E eu fui paulatinamente me afastando do grupo. Certo dia ouvi de alguém que o Frei Pedro disse que esperava mais de nós, e eu corei de vergonha. Afinal onde estavam os ideais de valorização da vida, de valorização da política como um bem e uma arte de fazer a felicidade dos homens?

Mas... não há felicidade para o homem se não no homem mesmo. E só a sabedoria é capaz de lhe fazer descobrir esse tesouro. Para que o homem encontre essa sabedoria, que o fará encontrar nele mesmo a sua felicidade, ele precisa ter suas necessidades básicas preenchidas. Primeiro, alimentação. Segundo, habitação, saúde, segurança, educação para si e para os seus. E é a política, a boa política, a única capaz de fornecer-lhe isso. É dever da política a justiça. E aí não dá para ser ou não ser. Não há como não ser justo. Não é ser ou não ser, é ser e parecer ser. A justiça gera a concórdia e a amizade, ao passo que a injustiça gera nuns e noutros as revoltas, os ódios, as contendas. É a injustiça a força destruidora.

Mas não deve ser a justiça a conveniência do mais forte: entenda-se aqui por conveniência do mais forte o que o mais forte julga ser sua conveniência. Mas temos que ter cuidado. É a injustiça que manda nos verdadeiramente ingênuos e justos, e muitos dos que a criticam não a criticam por temer praticá-la, mas por temerem sofrê-la. O que deve estar em jogo é o curso de toda uma vida que devemos seguir para cada um de nós viver a mais útil das existências. Não há sentimento mais inseparável do nosso ser que o da liberdade. A liberdade só é assegurada numa democracia. A política justa é a que garante a liberdade. É para defender a liberdade, esse dom mais precioso do ser que os homens devem governar.

Os homens e as mulheres de bem não querem governar nem por causa das riquezas, nem das honrarias. Não querem ser tratados por mercenários, exigindo abertamente a recompensa de seus cargos. Nem de ladrões tirando vantagem da posição. E quantas vezes o hábil guardião do dinheiro pode ser também um hábil ladrão do mesmo! E quantas vezes o homem que nos parece justo guardião do dinheiro publico é hábil para guardá-lo, mas também hábil para roubá-lo ou para vantagem de amigos. Ora, o pior dos castigos é ser governado por quem é pior que nós mesmos. O justo não quer exceder o seu semelhante. A justiça é sabedoria e virtude e o justo é sábio e bom. Só isso pode levar à paz. E só a paz constrói.


Eu me considero uma mulher preocupada com o destino da humanidade. E ouso dizer, assim como Homero na sua Odisséia “Não é um sonho, mas uma visão autêntica que há de cumprir-se”. Assim como num projeto, num empreendimento, meu desejo nessas eleições tem como suporte apenas a Fé. E é a minha Fé que assegura o bom êxito nessa minha caminhada. Eu concebo a Deus como a um amigo íntimo que está sempre ao meu lado. E eu levo a sério o conselho de CRISTO: “Ore sem cessar, falando com Deus de maneira natural e espontânea”. Mas eu sei bem em que creio. E estou bem certa que Deus é poderoso. ELE é poderoso para guardar o meu tesouro até o dia apropriado de me entregá-lo. ELE, somente ELE pode criar os caminhos para a realização de meus desejos e sonhos. E peço sempre que o Divino Mestre me acompanhe nesta jornada terrestre para que o bem em mim seja triunfante. Quero percorrer os caminhos do mundo com a segurança de quem está protegida pelas forças do Bem.

Estes são alguns retalhos da minha história de vida, ou das muitas histórias de minha vida. Contam sobre os meus primeiros passos políticos, a base dos valores que fui desenvolvendo durante estes muitos anos.

Aos poucos, nos próximos textos, vamos compartilhando detalhes desta caminhada.